Doença crônica tem cura?
19 de julho de 2023 2023-07-19 13:09Doença crônica tem cura?
A doença como oportunidade para despertar a consciência
Quando estamos doentes e com dor, tentamos encontrar uma forma de melhorar rapidamente. Esta é uma resposta natural. Buscamos tratamentos para “consertar” ou nos livrar de nossas dores e sintomas para que possamos voltar às nossas vidas. Quando o tratamento não faz desaparecer os sintomas e começamos a sofrer física e emocionalmente, nossa busca por respostas se intensifica ainda mais e nos perguntamos: será que a doença crônica tem cura?
As pessoas me procuram esperando que eu possa ajudá-las a superar sua dor e sofrimento. Alguns já foram informados: “Nada pode ser feito”. Muitos chegam dizendo: “não sei se você pode me ajudar”, você é meu último recurso. Ou ainda: “Estou doente e cansado de estar doente e cansado, tenho que fazer alguma coisa, qualquer coisa.”
Muitas vezes, sentem-se frustrados, zangados, com medo, sem esperança, desesperados, impacientes, desconfiados e resistentes. Desgastados não só pela doença, mas também pela incansável busca pela cura. Nesse ponto, a doença oferece a oportunidade de embarcar em uma jornada de autodescoberta.
Em vez de apoiar os esforços contínuos para se livrar dos sintomas da doença, uma nova abordagem e uma nova perspectiva são necessárias e possíveis: uma abordagem que faça novas perguntas e permita uma mudança de atitudes e proponha um novo relacionamento com a doença. Não de querer se livrar, mas de entender o que ela está querendo te mostrar. E paradoxalmente, quando esse entendimento ocorre, a doença não tem mais necessidade de estar ali.
E onde está a cura?
“Nossa doença pode contar a história de nós mesmos, não apenas de nossas células. Ao correr o risco de ouvir, podemos ser levados às emoções, tanto positivas quanto negativas, que estão no cerne de nosso ser autêntico.”
– Mark Barasch, autor do livro “O caminho da cura”.
Não encorajo as pessoas a manterem um relacionamento com seus sintomas que não funciona a longo prazo. Olhar para os sintomas como separados do resto de nossas vidas separa o corpo da mente e do espírito acaba nos afastando de encontrar a causa do que nos faz sofrer. Quando tentamos nos livrar de nossa dor e sintomas, sem ter esse olhar atento para o que eles estão querendo nos dizer, aumentamos ainda mais a separação.
Mesmo se removermos os sintomas, a causa sistêmica que estar por trás e a mensagem real que a doença crônica ou não, está nos transmitindo podem não ter sido abordadas, portanto, o que encontramos é apenas um alívio temporário e a possibilidade de cura mais profunda não está acontecendo.
Um novo olhar para as doenças crônicas
“A jornada de descoberta não está em buscar novas paisagens – está em ver com novos olhos.”
“Você não pode resolver um problema da mesma perspectiva que o criou”
O desespero pode se transformar em esperança, a impaciência pode se transformar em paciência, o medo pode se transformar em coragem e a resistência pode se transformar em aceitação.
Na vontade de olhar e realmente ver com novos olhos, a cura se torna possível. Começamos a ver e ouvir as mensagens que estão por trás das doenças e sintomas. Nossos corpos estão nos dizendo algo. Aprender a entender essas mensagens pode ser a chave que abre a porta para a recuperação. A crise se torna o veículo para a transformação e cura interior.
Criando um ambiente de cura
Uma mudança de percepção permite que a pessoa crie um contexto para a cura tanto quanto qualquer terapia ou tratamento convencional. Esse contexto emocional, psicológico e espiritual que chamo de “ambiente de cura” pode ser mais importante para o processo de cura do que qualquer medicamento ou terapia em particular. Pois não existe uma terapia, protocolo ou método infalível para qualquer doença crônica em particular.
Cada paciente tem uma história única, o pano de fundo de sua doença, e a cura é uma jornada individual, pessoal e solitária. Uma abordagem integrativa irá buscar reunir os aspectos mais clínicos mas também a vai olhar para a mente, emoções, atitudes e crenças. À medida que as pessoas trabalham para criar esse ‘ambiente de cura’ em suas vidas, elas precisam de orientação e apoio.
Relação terapeuta x paciente: a cura vem de dentro
Oferecer orientação e apoio durante a jornada de cura significa que os papéis do terapeuta e do paciente devem mudar. Além de fornecer as terapias e técnicas apropriadas, o terapeuta se torna um guia para ajudar os pacientes a aprenderem a lidar de uma nova maneira com seus sintomas, diferente do usual. O terapeuta, neste ponto de vista não é o curador e sim quem guia o paciente para retomar a autonomia sobre sua saúde.
Sendo assim, o paciente, por sua vez, assume a responsabilidade por sua doença e trabalha para criar o ambiente adequado para sua cura. Ao se abrir para perceber quais são as mensagens que a doença crônica ou não quer trazer, ele deve estar aberto a acreditar que a cura e a mudança são possíveis.
“A cura é o que acontece no nível da pessoa como um todo e requer colaboração com o movimento inato rumo à totalidade que é constante e presente em todos.
A cura não é o resultado de uma interação entre um especialista e um problema; ela requer um relacionamento entre dois seres humanos inteiros que trazem para uma situação de sofrimento todo o poder de sua humanidade combinada e todo o seu potencial.
Quando isso acontece, muitas coisas que aparentemente não poderiam ser curadas passam a ser”.
“A esperança de cura está sempre presente. Mesmo diante de uma doença incurável, uma pessoa ainda pode crescer de tal forma que, com o tempo, a ferida de sua doença se torna uma parte cada vez menor em sua vida, porque a totalidade existe mesmo na presença da doença.”
Curando as dores do passado
“Talvez todos os dragões em nossas vidas sejam princesas esperando apenas para nos ver agir uma vez, com beleza e coragem. Talvez tudo o que nos amedronta seja, em sua essência mais profunda, algo que se sente impotente e precisa de nosso amor.
– Rilke.
Estou disposto a ouvir com os ouvidos do meu coração as outras vozes de mim mesmo falando? Carregamos os efeitos de crescer em famílias disfuncionais, resultantes de abuso físico e ou emocional, abandono, negligência e ou envolvimento conosco em nossos corpos e nossas vidas. Muitas vezes, as feridas da infância que carregamos são mantidas e se expressam em doenças crônicas.
Só podemos começar a nos recuperar quando encararmos nossa verdade e quando nos permitimos sentir as emoções e sentimentos não expressos que foram enterrados lá no fundo. Temos que processar e liberar essas emoções de longa data para apoiar nossa cura de mente, coração, corpo e alma.
“Se existe uma única definição de cura, é tocar com misericórdia e consciência aquelas dores, mentais, emocionais e físicas, das quais nos afastamos em julgamento e consternação.”
Além das abordagens convencionais
As técnicas e terapias da medicina mente-corpo nos ajudam a fazer as conexões curativas entre nossa biografia e nossa biologia, entre nosso passado, nossas vidas e nossos corpos, mentes e espíritos.
A série Bill Moyer, “A cura e a mente”, ilustra o aumento do interesse científico e público nessa abordagem de dentro para fora. E cada vez mais pessoas entendem que essas terapias e técnicas funcionam. Você pode ver isso pela quantidade de pessoas no movimento de recuperação de 12 passos (alcoólatras, narcóticos anônimos etc.) ou ainda pelo sucesso do trabalho de John Bradshaw (Autor de livros e apresentador de programas de TV nos EUA), apenas para dar dois exemplos.
Muitas pessoas estão envolvidas em sua jornada pessoal para encontrar seu verdadeiro eu e curar suas feridas internas. Elas estão descobrindo e experimentando que liberar a raiva pode ajudar doenças cardíacas, curar medos e ansiedades pode melhorar a asma, curar a dor do ressentimento pode ajudar uma pessoa com câncer, liberar a culpa e a vergonha do abuso na infância pode melhorar ou até curar a síndrome do intestino irritável e lidar com o estresse em um casamento pode ajudar curar a artrite.
A importância da conexão mente-corpo às vezes é óbvia. Por exemplo, uma mulher veio até mim com artrite reumatóide, que piorou progressivamente ao longo de um período de três anos. Suas doses crescentes de anti-inflamatórios esteróides não resolveram a dor que ela sentia e ela chegou a cogitar realizar uma cirurgia a curto prazo caso a medicação não fosse eficaz.
Depois de orientá-la nas mudanças no estilo de vida, exploramos seus traumas e problemas emocionais mais profundos. Ela ainda estava agarrada à dor e ao medo da morte repentina de seu marido, com quem foi casada por 33 anos. Seus sintomas de artrite começaram, não por coincidência, logo após a morte dele.
Ela não foi capaz de sentir totalmente o luto e também estava com muito medo e culpa de estabelecer novos relacionamentos e namorar ainda três anos depois. Ela precisava deixar ir para seguir em frente com sua vida. Ao apoiá-la na liberação de seus sentimentos e emoções reprimidos, ela conseguiu, com o tempo, evitar a cirurgia e reduzir gradualmente sua dependência das medicações.
Ao enfrentar e abraçar a verdade de nossas vidas que pode estar se manifestando em nossa doença, dor, tristeza, medo e vergonha tóxica, podemos entender que nossos sintomas e doenças crônicas tem cura.
Esse texto poderia ter sido escrito por mim, mas ele é um artigo que foi publicado em um jornal sobre medicina complementar, escrito por Paul Epstein, médico naturopata renomado nos EUA.
Ele resume boa parte do que eu acredito ser a chave para cura das doenças crônicas: olhar para os sintomas como um aviso e entender o que eles estão querendo nos dizer sobre nossas feridas e dores emocionais mais profundas. Reunindo as abordagens internacionais baseadas em evidências, eu criei um programa totalmente focado no tratamento de doenças crônicas, sejam elas com sintomas físicos ou mentais.
Se esse caminho fez sentido para você e se você escolhe se libertar de seus sintomas persistêntes e doenças crônicas, clique aqui para saber mais!
- O texto tem tradução livre e foi adaptado para o formato otimizado para blog. O artigo original você encontra aqui: Epstein PND (2017) A doença como uma oportunidade para despertar a consciência. Int J Complemento Alt Med 7(3): 00224. DOI: 10.15406/ijcam.2017.07.00224